22 de mar. de 2008


Talvez exista alguma maneira...Tantas vezes procurei embora difícil, acreditei...
Subi a mais alta montanha
Para encontrar apenas gelo e nuvens.
Desci ao mais profundo das águas
Para ver somente escuridão.
Naveguei pelos maiores oceanos
Para, ao fim, aportar no mesmo lugar da partida.
Alcei o vôo mais alto, para além das nuvens,
para minha surpresa, havia somente as estrelas e o universo.
Andei por muitas e longas estradas de terra batida
para conseguir apenas dores nos pés.
Estudei línguas e filosofias.
Devotei-me a deuses, religiões e crenças.
Descobri, o que procuro não se define por regras e teorias,
não se materializa em imagens,
não se encontra em lugares específicos, fixos, nem por se estabelecer,
não se faz compreender por estudos.
Apenas há em um tempo ilimitado e num espaço infinito.
Ao ser humano está permitido senti-lo em pequenos instantes sem, muitas vezes, perceber tê-lo próximo.
Surpreendi-me contemplada com intensas e e significativas presenças de pessoas a quem posso chamar Amigos
que criaram e participaram de momentos e sentimentos que não obedecem a tempos nem a espaços,
somente existem nas mais diversas formas e em quaisquer instantes. [DESCOBERTAS.(versão 2007).]

5 de mar. de 2008


COISAS QUE DISPENSAM DATAS PARA SEREM DITAS...
(2008)

... sentimentos que esqueço de dizer
Porém, vem o vento me lembrar...

...sentimentos que ficaram muito tempo por dizer
nas ondas do vento não se cansam de voar....


Eis-me aqui, não por meras palavras, ou por uma emoção ou sentimento passageiros.
Eis-me aqui por ouvir músicas, que eu nem bem conheço, mas que me remetem a muitos caros, bons amigos, amigos intensos.
Alguns que estão presentes, outros que se perderam por aí, ou que ainda vão se perder em meio de outros tantos que ainda estou por encontrar.
Não me refiro aos vínculos afetivos daqueles que se falam sobre todas as intimidades. Escrevo sobre aqueles que quando junto, nem se precisa falar, mas que me surpreende quando à primeira lembrança, o peito se enche de afeto e os olhos revelam o significado de tais presenças.
No caminho, nos encontros, nas distâncias, as ethnas que ficam, as que vão se fazendo, as que vão se (re)descobrindo. Em cada uma, coisas que vivi e aprendi com você. Em cada uma, transformações e constâncias; limites e perspectivas. Às vezes insatisfações; às vezes satisfações. Como as músicas...

“Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
E nada sei...
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente...

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz” (Almir Sater e Renato Teixeira).


“Eu quero uma casa no campo...
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais...
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo...
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais” (Zé Rodrix e Tavito)

Quando ainda nem nascida, pessoas escreviam essas letras e faziam melodias que agora me remetem ao meu tempo, a minha vida e a minha história.
É a partir dessa que recrio as possibilidades, reinvento, reconduzo meu caminho. É ela minha referência, na qual se insere você, o seu modo, do jeito como se chegou, da maneira como ficou. O momento mais forte de sua presença. O presente, o melhor e mais intenso do momento. Esse tempo, no qual nos encontramos. Um tempo que não é marcado pelo relógio e pelas horas, mas pelo sentimento.

Para você, em mim, há um tempo que não se mede, não cabe em relógios, ou ampulhetas. O tempo que permanece intacto. Que suspende as coisas. Que supera o término. Que surpreende a nostalgia com um monte de alegria e que faz do meu afeto algo prestes a transpor medidas, atravessar o espaço, e abraçá-la, num amor que fica terno e sustenta meu cotidiano trivial, na maior parte do tempo então marcado por horas.

Para você,
Um beijo que alcance a distância finita,
Um abraço que o suspenda num plano perene,
Um afeto que transcenda o espaço infindo.

(este poema foi escrito com dedição exclusiva a duas pessoas amigas irmãs que se revelam imprescídíveis na minha vida. Um beijo no coração de cada uma).