6 de nov. de 2008

FERMENTO D’ALMA.
(2008).

Fenômeno instigante este que aprende ler
Ombros abatidos,
Olhos apreensivos,
Mãos trêmulas,
Pés agitados;
Que compreende a mensagem escondida por entre palavras proferidas aos arrastos,
As angústias disfarçadas do nó que insiste permanecer na garganta,
A solidão de um sorriso triste,
A dor de um coração a reconhecer cicatrizes.

Como definir?
Será sentimento comum dos anos vividos?

Será sentimento dos momentos compartilhados?
Será uma afinidade que se reporta no tempo-espaço?

Uma insistência em ver?
Trocar idéias e experiências?
Pela certeza simples da reciprocidade de ser 'aceito'?
Uma necessidade da existência prévia de ser acolhido pelo que somos,
como somos e pelo que pensamos?

Não sei saber.
Talvez não queira.
Ou, simplesmente, não precise.
Talvez me seja suficiente os inebriantes segredos que rondam este... sentimento.

O mistério talvez resida no conforto
da existência de alguém que nos acolhe;

no significado de “receber”, sem julgamentos ou resistências
...mesmo quando haja discordâncias.

Com os anos, solidifica-se o fermento d’alma...
Atravessa o terreno íntimo que lhe é próprio

sem arranhões e sem mágoas, restando, como fruto,
após vultosas experiências humanas e existenciais,
apenas e apenas...
Pessoa imprescindível, insubstituível, essencial
Finita em sua realidade mortal,
Eterna na harmonia dos espíritos...
E o que resta de fato é verdadeiro e simples...
Amigo... Amizade.
APENAS GESTOS.
(2008).

Não sei se a vida é curta,

Ou longa demais
Mas sei do que vivemos ...
Colo que acolhe

Braço que abraça apertado
Palavra que conforta
Lágrima que corre
Olhar que cala fundo n’alma
Mãos que se estendem

Sorrisos, gargalhadas que contagiam
Conversas paralelas
Sentimentos que compartilham

Sonhos que se integram
Dores abrandadas
Emoções que aquecem

Afetos que perduram
Amores que aparecem, desaparecem

Silêncio que respeita

...
Risos sem graça
Choros desesperados
Frases feitas
Olhares perdidos
Discussões repentinas
Palavras que afastam
Afetos que se esquecem
Braços que se negam

Anseios que dividem, separam
Devaneios que se diferem

Desgostos que doem intensamente

...
Momentos de estar próximo... longe,

momentos de ouvir o chamado...apenas chegar-se
momentos de saber manter a distância, o espaço
momentos de respeitar o momento...

Silenciar.
Pequenos gestos,gestos simples
Apenas gestos.