21 de dez. de 2009

PRO ANO QUE COMEÇA.

Pro ano que começa (ou que continua como todos os demais anos passados e vindouros...) vão vontades minhas pro cê que ta aí...

de boas companhias; da melhor música; do melhor vinho; de uma cervejinha estupidamentes gelada; uma caipirinha, um samba e uma feijoada; uma tequila acompanhada de limão e sal. Uma feira de pasteis e caldo de cana; uma pizza de varias, muitas, diversas camadas; um carrinho de cachorro quente. Uma arvore bem alta; uma caminhada pela praia ou pela rua; um banho de cachoeira; uma viagem; uma chuva que se pegue, um sol que se veja nascer; a informalidade citadina das pessoas perambulando pelas ruas; o movimento rapido dos carros deslizantes pelas estradas; todas as segundas, terças, quartas, quintas e sextas-feiras, sábados e, é claro, domingos! Frascos de perfume, um filme memorável; uma carta, um cartão, uma foto inesperada; um dia após o outro; uma noite após o dia; andar de chinelo, sem chinelo; de roupa... Amores quaisquer, de quaisquer lugares novos ou renovados; um par de pernas andantes por aventuras divertidas e gostosas, por aprendizagens de vida. De sentimentos mais sinceros e verdadeiros; de momentos mais serenos e tranqüilos; de esperança mais ingênua; de convivência mais harmoniosa, com saúde; de abraços mais intensos; de aconchegos quentinhos e seguros. Um assalto de risos e beijos; um rio transbordante de vitorias. Um andar de mãos dadas; uma risada imensa; um olhar travesso; boas saudades; bons recomeços; boas semanas; doces lembranças; um boteco de bons amigos; uma construção de dialogo com palavras certeiras e carinhosas; uma fé edificada. Enfim, outros e mais tempos de felicidade. Um salve! um oxalá! um sarava! um namaste! um simples ola! Meu querer é seu bem-querer, sem medidas, que caiba do melhor em cada um. Mas se nada disso lhe aprazear...então meu desejo simplesmente é que suas vontades mais sinceras tornem-se sua realidade mais agradavel e satisfatoria.

AO TEMPO DE ONTEM, AGORA E DEPOIS.

Essa escrita fala disso. Aos que estão perto e aos que longe vão. Àqueles que compartilham do encontro, da ruptura, da amizade, do respeito, do amor, da paixão, da solidariedade, do desgaste, da mentira, da verdade, do absoluto, do relativo, do necessário, do desnecessário, do sonho, da realidade, da alegria, da travessia, do voo, da saudade, das lembranças, do profundo, do raso, do riso, do choro. enfim, aqueles que comungam com o tempo que estamos aqui!!

Meu tempo rascunha ranhuras
Conserta, desconserta, emenda.
Define senhas distintas para instantes unicos
Rabisca em momentos de sanidade loucas doçuras.
Ritualiza momentos como passagens.
Meu tempo rotineiro, metodológico
deixa-se desburocratizar por alguns minutos
Meu tempo rima com bons e maus...tempos
entre virtuosos sorrisos e lagrimas disparatadas
Requer. . ironia, bom humor, ceticismo, crença, fé!
Meu tempo é de hoje, para hoje, por hoje
sem contornos rígidos,
sem retornos lamentáveis.
Meu tempo gira,
rodopia num sortido album de imagens,
numa soma de pedaços
que remontam um mosaico de passagens.
Meu tempo vai longe, vai perto
para e começa... e recomeça.
Meu tempo compõe melodias
pinta quadros,
escreve, reescreve textos,
significa e re significa palavras, conceitos, valores, sentimentos
arrebata, preenche o tempo de outro.s
Meu tempo apresenta flashes de lembranças.

Meu tempo é rascunho do quero fazer dele.

RESERVAS D'ALMA.

Quando os pensamentos divagam, aceleram, se repetem sem descanso
O ritmo do silencio... é reserva d’alma!
Quando braços e mãos se agitam em movimentos desenfreados
A mão que segura firme... é reserva d’alma!
Quando se perdem os passos sem escolhas de rumos
As mãos que guiam... são reservas d’alma!
Quando amortecem os sentidos, indiferenciam-se as emoções
O colo terno e aconchegante... é reserva d’alma!
Quando aperta o peito, dói o coração e choram os olhos
O abraço que envolve... é reserva d’alma!
Quando angustias e tristezas sufocam a voz, limitando a expressão
O olhar atento que aguarda tranquilo... é reserva d’alma!
Quando a dor tolhe o espírito
Elevar o pensamento na fé... é reserva d’alma!
Quando a saudade toma conta
A lembrança de momentos felizes... é reserva d’alma!
Quando historias de pessoas se encontram sem porquês
Marcadas pela intensidade dos sentimentos... é reserva d’alma!
Quando palavras são proferidas, gestos expressos
Na intenção de um bem-querer sem exigências... é reserva d’alma!
Quando explicações, respostas e perguntas são desnecessarias... é reserva d’alma!
Quando a felicidade se apresenta surpreendente... é reserva d’alma!
Quando o amor se manifesta na descoberta do outro... é reserva d’alma!
Quando os pés andam passos estaveis, as mãos se unem num elo de força e os olhos contemplam a luz
Então... é reserva d’alma!
Quando respirar sentindo o ar entrar pelos pulmões, resultando numa louca vontade de sorrir...
é reserva d’alma!
Quando sua mente se abrir para perceber o mundo,
Olhar de frente sem temores... é reserva d’alma!
Quando perceberes existirá um pomar frutífero de experiências amadurecidas ao ponto de sabedoria...terás, então, algo de maior em sua vida sempre que precisares: são os frutos do que plantastes... RESERVAS D’ALMA!

11 de out. de 2009

ANOS DE VIDA.

Aos anos de vida: antes de hoje,antes de amanha, quem os sabe?!
Amanha seremos talvez o que nos fez de ontem,
o que nos faz de hoje,
o que nos faremos.
Aos anos de vida,
Um pouco mais, um pouco menos,
Portadores de uma experiencia que fala:
A certeza de algumas marcas no rosto
Algumas dores no corpo
Algumas memorias
Algumas colheitas...
Menos ressentimento, maior compreensão;
Menos timidez, maior abertura;
Menos ocupação, maior disponibilidade;
Menos isolamento, maior integração;
Menos distancia, mais aproximação;
Menos retenção, maior desprendimento;
Menos recuo, mais acolhimento;
Menos omissão, mais compromisso;
Menos inatividade, mais iniciativa;
Menos recriminação, maior tolerancia;
Menos antecipação, mais presença;
Menos arrependimento, mais confiança;
Menos lamento, mais reconhecimento;
Menos acusação, maior responsabilidade.

Graças... aos anos de vida!
que me deram tanto e tudoA partir deles reflito as palavras que penso, declaro, escrevo;os gestos que expresso;
os sons que ouço;os caminhos que curso.
A partir deles percorro dias, noites, tardes
Casas, ruas e cidadesPraias, rios, montanhas e planícies.
Graças... aos anos de vida!
Que fortalecem o coração nas agitações de seu compasso cotidiano
Que ensinam o riso como complemento do pranto
Que confirmam a força diante do fraquejar
Que zelam pela flexibilidade diante a rigidez
Que revelam os mistérios do acreditar.
Que desvendam a existencia de um Ser Superior
na mesma fé que sustenta meus anos de vida.

Assim distinguo:
Sabedorias que levam, quiça, uma vida!
Que ensinam que dores vem...e passam;
Que decepções passamos...e superamos;
Que escolhas temos sempre!
...embora nem todas são as que queremos!

MOMENTOS QUE ENCANTAM.

Banhar-se de chuva no verão.
Sentir o vento no rosto.
Subir em uma arvore e observar o que ficou em baixo.
Comer fruta no pé e cenoura na plantação.
Lambuzar os dedos apos fazer o bolo.
Encontrar aquele filme antigo, em preto e branco, na prateleira da video-locadora.
Comer pizza, batata frita, bolinho de chuva com a mão.
Comer chocolate, tomar sorvete, chupar pirulito.
Fazer bola de chicletes até arrebentar.
Fazer barulho com o canudo no copo.
Fazer bolhas de sabão.
Pular amarelinha, andar de balanço, de gangorra quando não se pensa poder mais faze-lo.
Brincar com seu bicho de estimação.
Ou apenas ficar agarrado ao seu bicho de pelucia favorito.
Escutar aquela musica favorita que não tocava mais.
Encontrar aquele(a) amigo(a) que há muito não vê.
Abraçar alguem de quem gosta.
Ser abraço por alguem, sem algum motivo especifico.
Dar as mãos com alguem que gosta.
Caminhar sem rumo olhando para o céu.
Caminhar acompanhado.
Olhar o nascer e o por do sol.
Receber uma carta, um telefonema, um telegrama, um email inesperado, com uma mensagem agradavel.
Realizar planos.
Apreciar sonhos alcançados.
Dançar sem parar, a qualquer som, a qualquer ritmo.
Rir a ponto de doer a barriga.
Chorar no colo de alguem.
Tomar uma sopa, um chá quentinho preparados por alguem que se preocupa.
Ter alguem fazendo cafune ou massagens nos pés.
Receber flores.
Ouvir palavras de aconchego e incentivo.
Ser reconhecido por suas virtudes e capacidades.
Uma boa conversa.
Um bom vinho (branco ou tinto), uma boa cerveja geladissima, uma caipirinha, um chimarrão bem cevado e fresco, um chá, um cafe.
Lavar o rosto pela manha.
Escovar os dentes e sentir o frescor do creme dental.
Tomar um banho demorado.
Andar de pé no chão.
Receber pessoa(s) para um lanchinho da tarde.
Apreciar o jardim.
Ouvir os sons diversos...carros, conversas, passaros, musicas, vento.
Ouvir o silencio.
Orar/meditar em agradecimento.
Dormir toda a noite na cama macia.
Acordar toda manha sabendo ser possivel viver momentos que encantam.
É como um respiro de ar que se renova a cada segundo.

DIAS COTIDIANOS DA MINHA JANELA II.

Domingo ameno. Típica primavera. O sol brilha, mas com suavidade. A chuva fina da manha deixou um ar de frescor sobre a grama e a cerca viva. O cheiro da hortelã se espalha pelo jardim quando tocada. Gorjeios sem intervalo se misturam numa sinfonia natural. O colorido de penugens encanta o olhar curioso. O vento vem repentinamente nas folhas das arvores quebrando o silencio. Um gato anda sorrateiramente pelo muro do jardim e olha de soslaio para sua proteção. Os carros passam na rua logo acima. Transito calmo para um feriadão. Ao longe se toca musica, conversas e risadas. Palavras soltas são pescadas aqui e ali, dando asas a imaginação para compor o dialogo distante. O sino bate anunciando a reverencia religiosa de todos os domingos. Mostram-se as borboletas e as orquídeas...rosa, branca, amarela. Todo setembro, outubro tem sido assim. Todo tempo tem sido assim...presentes de surpresas que se repetem sem perder a magia de encantar. Encantos somente reconhecidos diante do parar; do silenciar; do ver; do perceber. Mas, especialmente, diante do comover. Comoção conduzida pelo simples ato de se deixar induzir pelo tempo de breves segundos, ou talvez, minutos. Que se transformam em horas enamoradas por uma dimensão indescritível se pensada na razão. Quiçá seja permitido reconhecer e ceder sempre aos momentos que me seduzem agora...sejam estes se fazendo em setembros, outubros, novembros, dezembros, janeiros... domingos, sábados, segundas, terças, quartas...mas se fazendo diante meus sentidos agora e para todo o sempre. Amém.

23 de ago. de 2009

Existencias.


Há tempos. Há pessoas. Há momentos. Há lugares. Há espaços. Há pensamentos. Há sentimentos. Há emoções. Há sons. Há silencios. Há cores. Há curvas. Há retas. Há cantos. Há recantos. Há encantos. Há tantos e há poucos. Há alguns e há nenhum. Há raridades. Há mesmices. Há sempres. Há nuncas. Há sins. Há nãos. Há talvez. Há duvidas. Há o existir e o não existir. Há o crescer, o desenvolver, o regredir. Há começos. Há fins. Há o desfalecer. Há o morrer. Há saudades. Há lembranças. Há memorias. Há esquecimentos. Há fazeres e não fazeres. Há responsabilidades e irresponsabilidades. Há exigencias. Há compromissos. Há fugas. Há medos. Há recusas. Há aceitações. Há coragem. Há simplicidades. Há exageros. Há miserias. Há riquezas. Há milhares, milhões. Há um somente. Há crenças. Há descrenças. Há esperanças. Há fé. Há diferenças. Há semelhanças. Mas não há igualdades. Há continuidade. Há descontinuidade. Há proximos. Há distantes. Há o profundo e o raso. Há o intenso. Há o brando. Há sucessos. Há fracassos. Há vitorias. Há derrotas. Há cansaço. Há descanso. Há limites. Há superações. Há liberdades. Há prisões. Há o feminino. Há o masculino. Há a criança, o adulto, o velho. Há o insano. Há o saudavel. Há o publico e intimo. Há o essencial. Há o descartavel. Há dor. Há alivio. Há choro. Há sorrisos. Há sofrimentos. Há abraços. Há aconchego. Há afetos. Há desafetos. Há divergencias. Há concordancias. Há inteligencias. Há ignorancias. Há natureza. Há universo. Há estrelas. Há molhado. Há seco. Há o insosso. Há o doce, o salgado, o azedo, o amargo. Há o alto, o baixo, o medio. Há o cedo. Há o tarde. Há o dia. Há a noite. Há o quente. Há o frio. Há o liso. Há o aspero. Há atritos. Há agitação. Há quietudes. Há amenidades. Há movimento. Há o imóvel. Há espaços. Há lacunas. Há ocupações. Há o fogo, a madeira, o metal, a água, o vento, o ar. Há o silencio. Há o ruido, o som. Há o sagrado e o profano. Há o aquem. Há o alem. Há o tudo. Há o nada. Há o cheio. Há o vazio. Nas proximidades alcançamos os extremos. Das intimidades atingimos as leviandades. Das existências infindas do “de vir” experienciamos progressos sem fins, com fins. É preciso percorre-las uma a uma para deixar-se simplesmente existir.

10 de jul. de 2009

PERCURSOS.


Chão cheio de terra. Céu cheio de nuvens. Rio cheio de água. Sol acanhado. Névoa capciosa. Brincam de esconde-aparece. Pedras vertem a água suada da terra. Campos abertos de sonhos serenos. Estradas de silencio. Estrada cheia de verde, de retas, de curvas...torcidas, distorcidas...surgem e desaparecerem. Molhada. Seca. Percursos. Montanhas. Encostas. Barrancos. Pedras. Arvores. Folhas. Fabricas. Casas. Casebres. Pontes. Postes. Fios. Placas. Buracos. Lixo. Pessoas. Animais. Veiculos. Ali. Acola. Naquele lugar. No outro. Mais adiante. Aqui mesmo. Já passou. Cada detalhe é um misterio plantado ao longo do percurso. Pedaços desenhando uma porção minuscula do mundo. Pormenores que se configuram num mosaico de detalhes espalhados vãos. Percursos. Combinações multiplas de detalhes. Arranjo de pedaços. Um sentimento de absorção absoluta impregna e conduz ao alheio. Por outro, emanam sensações outrora sentidas que já vão distante. Na imagem que se mostra surge um novo cenario. Conta-se uma nova historia. Vive-se de um novo jeito. Nem noite, mas quase. Nem dia, mas quase. Nem longe, nem perto...chegando. O tempo perdeu seu itinerário absorvido pelo pensamento que comunga com o silencio da estrada.

16 de jun. de 2009

O TEMPO DEVIDO.
(2009).

Descobri que meu dia tem inicio quando ainda durmo. E tem seu termino comigo dormindo. Quando estou acordada mergulho nas horas que me dispõe. Sons. Imagens. Movimentos. Silencios. Ritmos. Cores. Cheiros. Formas. Gestos. Objetos. Pessoas. Muitas, diversas, inumeras mas, principalmente, pessoas... fazem parte do universo que me rodeia cotidianamente. Que adentro tão prontamente. Sob a lua. Sob estrelas. Sob o sol. Sob nuvens. Enfim, sob o céu. Sobre a terra. Sigo com meu pensamento. Com meu sentimento. O dia corre solto e livre. Como é ligeiro! Ora distraio. Ora concentro. Hesito. Sigo. Cuido com zelo até do acaso e do incerto. Guardo meus passos com exatidão e cuidado. Respiro absorvendo profundamente cada atomo de oxigenio. Como saboreando cada poção. O tempo risca traçados. Acho que estou me aproximando de mim mesmo no tempo devido. Ou talvez, em algum caso, com atraso. Em outro, adiantada. Estou nesse processo de reconhecimento e desconhecimento de espaços, tempos, gentes, sentimentos. Haja caminhada! Os acontecimentos e as pessoas me comovem. Comprometo-me. Envolvo-me. Assim vou equilibrando o devido tempo. Com carinho e fé da vida se ajeitar para que possa seguir meus proprios passos. Encontrar minha fortaleza. Estou num momento estranhamente belo e comovente de encontro comigo. Um dia de cada vez, mas querendo abraçar o mundo e, ao mesmo tempo, deixar-se abraçar. Penso que vou seguindo dessa forma. Até que a próxima se faça surgir [risos].

24 de mai. de 2009

ENTRE AS MINHAS MUITAS VONTADES

Entre os meus muitos desejos
Entre as minhas muitas vontades

Um carinho intenso.
Um caminho sempre melhor.
Um amor verdadeiro.
Um perdão sincero.
Sonhos para sonhar. Que ajudem repousar. Que ajudem a sobreviver.
Ir em frente e, se preciso, recuar.

Entre os meus muitos desejos
Entre as minhas muitas vontades

Energia para transformar.
Paciência.
Tranqüilidade.
Sabedoria.
Sinceridade.
Honestidade.
Sensibilidade... virtudes que ajudem viver.

Entre os meus muitos desejos
Entre as minhas muitas vontades

Saúde em cada amanhecer.
Compreensão para o transcorrer de cada dia.
Conforto ao anoitecer para serenar a mente.
Sensatez para perceber a fragilidade e o vigor concomitantes da vida.
Dignidade.
Respeito diante de cada atitude tomada. Cada escolha realizada.
Fé nas realizações possíveis e para acreditar nas impossíveis.

Entre os meus muitos desejos
Entre as minhas muitas vontades...

A você.

22 de mai. de 2009

A MELHOR MANEIRA DE SENTIR (2009).

Sentir de maneiras mil,
De todas as maneiras.
Sentir
excessivamente,
Intensamente,
Levemente,
Suavemente,
Porque o sentimento, em verdade, já se faz em sua própria maneira.

Num acordo de sentidos constrói-se o espirito humano,
o centro para onde remetem as transformações e não transformações.
Quanto mais eu sinta, quanto mais me sinta,
Quanto mais intensamente, suavemente, simultaneamente sentir,
mais unificada, mais mergulhada, mais envolvida
Estarei, viverei, serei.
Mais integrada me farei com a existência total do universo,
Mais completa serei pelo espaço inteiro – fora e dentro do meu espirito.
Sentir faz um nobre caminho para o espírito.
Uma tristeza, quando bem sentida, faz um ruído confuso
Abre-nos os ouvidos às escutas do coração;
Abre-nos os olhos a forma visível da realidade e dos sonhos.
Uma alegria, quando bem sentida, faz um ruído colorido
Traz os sons harmonicos do mundo;
Oferta-nos as imagens coloridas da vida e dos sonhos.
Uma mágoa, quando bem sentida, entorpece a voz
Amortece o bem-querer;
Escurece o pensamento.

Uma raiva, quando bem sentida, tritura num compasso alucinado
Como um moinho se movendo ao ritmo de vendavais
Os grãos d’Alma que se pulverizam em pó.

Um temor, quando bem sentido, perturba as percepções
Nubla as impressões,
Divaga as emoções.
Um amar, quando bem sentido, pulsa o peito
Afogueda o corpo;
Prende a respiração;
Sua as mãos.
Convergem sensações.

Um afeto, quando bem sentido, une partes
Integra divisas,
Expande bem-aventuranças.

Uma saudade, quando bem sentida, aquece a Alma
Concentra esperanças,
Aproxima distancias.

Sentir faz-se um culto elevado a vontade de viver.
De estar vivo!
Como um rito composto de todas as significações,
ou um redemoinho de forças cheias de infinito,
Tendendo em todas as direções.

O sentir, essa ação transformadora,
faz com que todas as forças se enraízem dentro de mim
Amortecendo as quedas, as quebras, os arremessos, as desintegrações.
O sentir me integra, me encanta, me envolve
a ponto de que o que há dentro de mim tende a ser um com o universo;
e o que há fora de mim tende a tornar-se parte dos meus sentidos.

Sou um sentir buscando ao equilíbrio de si mesmo
De estar dentro do meu corpo sem o transbordar do meu espirito.
Assim sobrevivo, por todos os sentidos, com todos os sentimentos:
Os conhecidos e aqueles por conhecer!

3 de mai. de 2009

Texto pequeno. Sem jeito. Sem melindres. Sem requintes. Sem floriado. Apenas simples. Um texto. Meu texto. Escrito. Descrito. Narrado. Proseado. Repetido. Soletrado. Desfragmentado. Clama. Reclama. Sofre. Remedia a tristeza. Desculpa a ignorância. Agrega valor. Confunde a gramática. Cede diante da polifonia dos sentidos e emoções. Camufla e denuncia os sentimentos. Inconsistente diante a existência do tempo. Incoerente diante da impermanência da vida. Ainda assim serve a ilusão colorida de quem tem a pretensão de traduzir a vida. Pelo menos alguma parte desta. A escrita daqui se presta a isso. Para o desmedido de meus delírios. Para desforrar o sofrimento e vangloriar a alegria de ser e estar. Para saber o que mais quero transcrever. Letra por letra. Que linguagem é esta que procuro? Alguma que responda a meus anseios. Que me traduza nas entre linhas de letras, palavras, sons. Regras. Gramatica que confunde. Valor que agrega. Ignorancia que desculpa. Tristeza que remedia. Sofre. Reclama. Clama. Fragmenta. Soletra. Repete. Prosea. Narra. Descreve. Escreve. Texto meu. Texto único. Simples. Sem floreios. Requintes nenhum. Melindres algum. Jeito qualquer. texto acanhado.

4 de abr. de 2009




DIAS COTIDIANOS DA MINHA JANELA.
(2009).
Avisto desta janela, donde o sol castiga forte, passarinhos e libélulas. Num desordenado bater de asas, se desdobram em diversas manobras. Passam e perpassam pela minha janela. Manobra arriscada entre os galhos apertados da ameixeira e do limoeiro seguindo o ciclo da vida. O dia está para isso. Olhar pela janela. Deixar a imaginação voar teimando acompanhar as imagens vivas que acontecem. Sem pretensão de poesia alguma. É ao acaso que tudo acontece. Buscar enredos para histórias férteis que movimentem a mente, o coração numa dança misturada e interminável dos sentimentos. É preciso aproveitar o momento. Repentino. Sem pedido. Sendo ele, apenas ele, o motivo do acontecer. Sabe que corre um vento por aqui neste exato instante. Remexe o verde das arvores, esvoaçam as cortinas, refresca o rosto. Arrepia. Abro os olhos para sentir melhor, o que me faz observar com mais detalhes... daqui, telhados e ruas. O subir emparedado dos prédios além horizonte. Várias formas. Algumas cores. Por detrás, é claro, a conveniência dos seres moradores destes telhados. Enquanto observo o que vai me passando pela minha retina. Escuto. O silêncio é ofuscado por uns sons que identifico fontes diversas. Imagens formando-se à tradução dos sons. O cão que late na casa ao lado. O outro que responde na casa da rua que vai a baixo. O carro que passa na estrada. Como um projetor de imagens que não se acabam, duplicam, triplicam. Qual será o próximo pensamento? Será som, imagem, movimento. Servirá para me deixar levar pra outros lugares?... E voltam os pássaros. Que sejam simples numa tarde de domingo. Mas que sejam e voltem sempre pra voar com minha imaginação.

15 de mar. de 2009

CAMINHOS.
(2009).
Caminhos tantos. Ora estreitos. Ora largos. Ora curtos. Ora cumpridos. Bifurcam. Encruzam. Descruzam. Cruzam-se pessoas. Estranhos. Conhecidos. Reconhecidos. À beira observo o movimento dos andares, dos braços balançando ao comprimento dos corpos; olhares localizados num alvo de atenção por motivos quaisquer. As roupas coloridas sem intenção, moldadas ou vestidas apenas. Cumprimentos breves. Prolongados. Trocas de confidencias, ou desabafos. Desvios. Andanças. Pessoas caminhantes. Paradas. A cada passo me misturo no ritmo suado, suave, agitado. Perco e me encontro. Desencontro-me. Caminhos de chegadas. De partidas. Caminhos sem intenção. Caminhos conscientes. Caminhos escolhidos. Escolhida por caminhos. Caminhos deixados para trás, nunca percorridos. Incógnitos. Caminhos imaginados. Misteriosos. Caminhos realizados, sem volta. Caminhos ainda por vir. Apenas caminhos entre tantos.

1 de mar. de 2009

CONFISSÕES.


Hoje é um daqueles dias de reflexão, que amanheço pensando nos acontecimentos dos últimos tempos. Levantei e da janela do meu quarto iniciei uma conversa comigo mesma, olhei o sol nascendo atrás da mata e ouvi os pássaros anunciando o amanhecer e, por breve instante, me perdi nas imagens e palavras de meus pensamentos. Falaram-me as imagens de fatos passados, de sentimentos já sentidos sem sentido, de emoções que ainda emocionam. Disseram-me que fiz o que, no momento, me era possível, que seria entendido como correto. Lembraram-me, porém, que não se acerta sempre e em tudo, mesmo que isso seja o esperado por outros. Respondi compreender isso, mas sinto tristeza e temo perder quando não atendo ao esperado. Às vezes me atropelo e atropelo a outros buscando atender não sei bem o que. Quando penso em corrigir meus erros tenho medo de estar errando mais ainda. E nessa conversa comigo mesma percebi que meus medos, meus questionamentos, minhas angústias são armadilhas que nublam minha percepção das atitudes do mundo à minha volta. Meus anseios, minhas expectativas, minha necessidade de um mundo melhor, com mais respeito, compaixão, harmonia, serenidade e amor é tão intensa que quis impô-la às pessoas que estão a minha volta. Doeu, mas percebi e assumi a atitude de enxergar quem são as pessoas, o mundo que me rodeia. Conhecê-los, de fato. Lembrei-me da importância de me entregar a diálogos reais, a sentimentos reais, a emoções reais. E isso significa viver a dor doída, a angústia, a mágoa, os sentimentos desagradáveis; assumir as ofensas, as lágrimas provocadas, as decepções e frustrações; admitir as derrotas, os fracassos. Porque a realidade não se faz apenas e somente de momentos bons; porque não aprendo apenas com as vitórias e conquistas; porque não sou perfeita e correta em tempo integral. Porque quero e preciso viver num tempo real, com pessoas reais. Assim fui compreendendo que cada pessoa tem sua particular maneira de viver, suas expectativas, suas emoções e, principalmente, seu ritmo de ser e desenvolver. Assim senti uma profunda tranqüilidade, não antes experimentada, por entender que todos podem viver e voar sob suas próprias asas, tomar suas próprias decisões e que, juntos, poderíamos entender a liberdade. Parece que durou um breve segundo, então, minha metamorfose mais profunda; mas a transformação, creio, foi eterna até a próxima.

4 de fev. de 2009

DO CAMINHO.
(2009).

Tenho um compromisso... Seguir dia após dia.
Observo que meu caminho é onde se plantam minhas raízes.
De meus princípios.
De minhas escolhas.
De minhas razões.
De minhas insanidades.
De minhas decisões e inseguranças.
Dos meus começos e recomeços.
De fins.
Em seu decorrer conheço e desconheço passagens sinuosas e lineares.
Confundo-me nos desvios e retornos.
Abro trilhas e fecho acessos.
Procuro entradas.
Encontro saídas.
Caminhos meus onde se cultivam meus sonhos,
meus sentimentos,
minhas emoções,
minhas realidades.
Caminhos de minhas voltas.
De minhas idas.
De me perder.
De me deixar.
De me largar.
De me achar.
De me encontrar.

25 de jan. de 2009

DO QUANDO.
(2009).

...da vida fazemos o muito e o nada,
o permitido e o proibido,
repetimos o conhecido e criamos o desconhecido,
o possível e, às vezes, surpreendemos com o impossível.
da vida vivemos casos e acasos,
num remoto cotidiano que nos envolve, revolve e devolve
aos amanheceres e adormeceres dos dias infindamente finitos.
da vida sorrimos, choramos, gritamos, sussurramos,
andamos, corremos, pulamos, amamos, odiamos, queremos,
sonhamos, escolhemos, morremos.
da vida,
quando o sabemos...simplesmente vivemos!