4 de abr. de 2009




DIAS COTIDIANOS DA MINHA JANELA.
(2009).
Avisto desta janela, donde o sol castiga forte, passarinhos e libélulas. Num desordenado bater de asas, se desdobram em diversas manobras. Passam e perpassam pela minha janela. Manobra arriscada entre os galhos apertados da ameixeira e do limoeiro seguindo o ciclo da vida. O dia está para isso. Olhar pela janela. Deixar a imaginação voar teimando acompanhar as imagens vivas que acontecem. Sem pretensão de poesia alguma. É ao acaso que tudo acontece. Buscar enredos para histórias férteis que movimentem a mente, o coração numa dança misturada e interminável dos sentimentos. É preciso aproveitar o momento. Repentino. Sem pedido. Sendo ele, apenas ele, o motivo do acontecer. Sabe que corre um vento por aqui neste exato instante. Remexe o verde das arvores, esvoaçam as cortinas, refresca o rosto. Arrepia. Abro os olhos para sentir melhor, o que me faz observar com mais detalhes... daqui, telhados e ruas. O subir emparedado dos prédios além horizonte. Várias formas. Algumas cores. Por detrás, é claro, a conveniência dos seres moradores destes telhados. Enquanto observo o que vai me passando pela minha retina. Escuto. O silêncio é ofuscado por uns sons que identifico fontes diversas. Imagens formando-se à tradução dos sons. O cão que late na casa ao lado. O outro que responde na casa da rua que vai a baixo. O carro que passa na estrada. Como um projetor de imagens que não se acabam, duplicam, triplicam. Qual será o próximo pensamento? Será som, imagem, movimento. Servirá para me deixar levar pra outros lugares?... E voltam os pássaros. Que sejam simples numa tarde de domingo. Mas que sejam e voltem sempre pra voar com minha imaginação.