23 de ago. de 2009

Existencias.


Há tempos. Há pessoas. Há momentos. Há lugares. Há espaços. Há pensamentos. Há sentimentos. Há emoções. Há sons. Há silencios. Há cores. Há curvas. Há retas. Há cantos. Há recantos. Há encantos. Há tantos e há poucos. Há alguns e há nenhum. Há raridades. Há mesmices. Há sempres. Há nuncas. Há sins. Há nãos. Há talvez. Há duvidas. Há o existir e o não existir. Há o crescer, o desenvolver, o regredir. Há começos. Há fins. Há o desfalecer. Há o morrer. Há saudades. Há lembranças. Há memorias. Há esquecimentos. Há fazeres e não fazeres. Há responsabilidades e irresponsabilidades. Há exigencias. Há compromissos. Há fugas. Há medos. Há recusas. Há aceitações. Há coragem. Há simplicidades. Há exageros. Há miserias. Há riquezas. Há milhares, milhões. Há um somente. Há crenças. Há descrenças. Há esperanças. Há fé. Há diferenças. Há semelhanças. Mas não há igualdades. Há continuidade. Há descontinuidade. Há proximos. Há distantes. Há o profundo e o raso. Há o intenso. Há o brando. Há sucessos. Há fracassos. Há vitorias. Há derrotas. Há cansaço. Há descanso. Há limites. Há superações. Há liberdades. Há prisões. Há o feminino. Há o masculino. Há a criança, o adulto, o velho. Há o insano. Há o saudavel. Há o publico e intimo. Há o essencial. Há o descartavel. Há dor. Há alivio. Há choro. Há sorrisos. Há sofrimentos. Há abraços. Há aconchego. Há afetos. Há desafetos. Há divergencias. Há concordancias. Há inteligencias. Há ignorancias. Há natureza. Há universo. Há estrelas. Há molhado. Há seco. Há o insosso. Há o doce, o salgado, o azedo, o amargo. Há o alto, o baixo, o medio. Há o cedo. Há o tarde. Há o dia. Há a noite. Há o quente. Há o frio. Há o liso. Há o aspero. Há atritos. Há agitação. Há quietudes. Há amenidades. Há movimento. Há o imóvel. Há espaços. Há lacunas. Há ocupações. Há o fogo, a madeira, o metal, a água, o vento, o ar. Há o silencio. Há o ruido, o som. Há o sagrado e o profano. Há o aquem. Há o alem. Há o tudo. Há o nada. Há o cheio. Há o vazio. Nas proximidades alcançamos os extremos. Das intimidades atingimos as leviandades. Das existências infindas do “de vir” experienciamos progressos sem fins, com fins. É preciso percorre-las uma a uma para deixar-se simplesmente existir.