1 de nov. de 2010

DOS ÚLTIMOS TEMPOS (2010).

...que têm mais cores. q têm sons mais diversos. que têm os mesmos dias, com as mesmas horas e minutos passando, no entanto parecem mais plenos. que têm mais luz. que têm mais quietude. que têm mais vento no rosto. que têm mais sol ofuscando o olhar. que têm mais chuva no corpo. que têm mais orvalho matinal na folha. que têm mais brisa noturna da madrugada. que se repetem, mas são os mais inéditos. tenho ficado bastante tempo com o que chamo companhia só. companhia de mim mesmo. esta chamada companhia só tem me traduzido em segredos descobertas dos últimos tempos. tem-me ampliado e aguçado os sentidos. tem-me apurado a percepção ao movimento mais simples. Do andar sorrateiro do gato da vizinha sobre a murada abaulada do jardim. tem-me afinado o ouvido ao ruído mais baixo. Da respiração sonolenta do meu cachorro ao transcorrer do período vespertino. tem-me focado a atenção ao menor detalhe. Do orifício na parece onde o despertar do sol se projeta ao lado oposto do quarto. Tem-me elevado a concentração do momento mais breve ao mais prolongado. Da borboleta que pousa na janela para alçar vôo no instante seguinte. tenho gostado muito desses encontros. que longe de acanhar o convívio social, o torna mais intenso. Que diferente de esfriar os sentimentos, os calibra numa dosagem aprazível. é o viver das experiências. Daquelas feitas e desfeitas e, daquelas, que por certa feita, hão de se fazer. Repito: tenho gostado muito desses encontros! eu aqui, em companhia só de mim mesmo, descobrindo um continente de aproximações e diálogos.