20 de out. de 2015

ABENÇOADAS SEJAM.

Abençoadas sejam as surpresas do caminho.
Surpresas que se mostram, a qualquer hora, sem aviso prévio ou mesmo, aquelas que se demoram a aparecer...

Abençoadas sejam as afeições compartilhadas. Um punhado aqui de carinho, um punhado ali de afeto, alguns abraços, muitos sorrisos, um olhar confiante, uma simples presença silenciosa.

Abençoada a compreensão que prospera quando os olhos que veem são da bondade.

Abençoados sejam os encantos que inebriam o espírito. Os momentos felizes que passam longe das plateias de expectadores curiosos. Os improvisos que desmancham os roteiros arrumadinho da gente. Os diálogos que acontecem no idioma dos gestos, dos olhares, das palavras, dos toques.

Abençoada seja a gentileza que desloca a escassez de delicadeza, a rigidez, o pesado e sintoniza com a estação da leveza, da amabilidade. Que nos revela não ser tão complicado assim saborear a graça possível que mora em cada instante.

Abençoadas sejam as dádivas generosas que vêm nos lembrar de que viver pode ser mais simples. Como o florescer das plantas, como o nascer dos astros no firmamento, como o passar das nuvens e o vai-e-vem das ondas. Ou mesmo andar descalço, banhar-se em rio, comer goiaba da goiabeira, colher laranja, seguir formigas, espreguiçar na rede, adormecer na areia, tomar água do regato...

Abençoados sejam lugares de descanso para os nossos cansaços, os lugares de afrouxamento para os nossos apertos. Também como, os apertos (abraços e colos) que nos dão conforto.

Abençoada a realidade que dá pra mudar o foco. Mudar as atitudes. Mudar o pensamento. Mudar o sentimento. Mudar a idéia. Certezas estáticas são utopias
E as utopias nos afastam da realidade.


Abençoadas sejam as transformações que nos surpreendem, que tantas vezes nos salvam de nós mesmos.

CORPO DE SENTIMENTOS.

Sentimentos não enrugam a pele, fortalecem sim o corpo:
Melhoram a capacidade cardíaca quando o coração bate mais forte.
Aumentam a vascularização quando o sangue circula pelas veias e artérias espalhadas por todo o corpo.
Minimizam câimbras, tensões musculares e as dores quando os pulmões se expandem e se contraem diante a entrada e saída profunda e cadenciada de mais oxigênio.
Alongam a pele da face quando os sorrisos aparecem e os olhos se lubrificam com o surgimento das lágrimas.
Os músculos e ossos se esticam e encolhem quando aos pulos vibramos com alegrias ou nos aconchegamos no colo de braços que nos aquecem.
Flexiona m as articulações e tendões quando dançamos aos ritmos diversos e compassados das músicas.
Relaxam os pensamentos quando os hormônios se produzem diante atitudes de satisfação, prazer, alívio e felicidade.
 Enfim, que infinidades de benefícios quando sentimos de corpo, mente e espírito!



REABASTECENDO EM MEMÓRIAS.

Existem memórias que são abundantes fontes afetivas para abastecer o Espírito.

Rememorá-las é como caminhar descalço na areia da praia num começo de manhã vendo o nascer do sol com gentileza. Como andar pela floresta sentindo o frescor daquele ventinho que se choca contra sua pele suavemente. É como o cheiro do café recém coado e do bolo ainda quentinho saindo do forno. É como se balançar na rede da varanda numa tarde preguiçosamente deliciosa.

É um cafuné gostoso que a vida lhe oferece acompanhado de um colo que embala.

Rememorar alegrias. Nostalgias. Mimos. Fatos diversos da vida. Seja quando estamos repletos de alegria, sucesso, saúde, felicidade; ou seja, quando estamos cabisbaixos, tristes, cansados, aborrecidos, desacreditados. Podemos escolher uma delas para nos regar com a energia agradável, com o sentimento reconfortante, com a emoção motivadora de que é a vida é feita. Ver de novo. Sentir de novo. Alimentar o coração, o corpo, a mente e o espírito. É um combustível para reabastecer nosso tanque de sabedoria.

É uma maneira afetiva de revigorar a energia do momento que nos faz agora.

ENTÃO...

Desconheço tantos caminhos e quantos ainda a seguir.
Também existem dúvidas se quero conhecê-los.
Minhas vontades são de percorrê-los, apenas.
Ampliá-los na descoberta de outros traçados!

Comigo tenho um punhado de recordação, um punhado de vivência, um punhado de lição, um punhado de respeito, um punhado de sentimentos, um punhado de emoções, um punhado de conquistas, um punhado de escolhas e decisões e um montinho de consequências.

Existo no momento atual da minha história ajeitada até então:
nas datas e nascimentos, nos nomes e sobrenomes, nas comemorações, nas saudades, nas viagens, nas transformações, nas presenças e nas ausências, nas distancias e nas proximidades, nos términos e nos começos e também, em algumas continuidades.

Às vezes me perco entre acontecimentos, apenas para ter a satisfação de me encontrar. De me reencontrar... na amplidão das paisagens, em reflexões sobre a existência, em caminhadas tranquilas, em palavras melodiosas, em músicas tocantes, em descansos tranquilos, em lugares e pessoas aconchegantes, em afetos agradáveis, em sorrisos espontâneos, em gestos gentis, em histórias contagiantes.

Embora me aflore a consciência do caminhar só, não há solidão.
Mas sim a licença saber instituir espaço para o novo, para o reconstruído, para o que ainda está. Para o que há sem haver. Sem se importar com o tamanho.
Permitir-me olhar simplesmente, sem muitas qualificações, identificações, interpretações, nomeações.
Vivendo os amanheceres e anoiteceres de dias aparentemente iguais.
Até a permissão de acreditar com o coração confiante de me amanhecer novíssima depois de cada anoitecer.


27 de mai. de 2015

MEUS DIAS III.


Mais um de meus dias onde a companhia do silencio, dos movimentos urbanos, o ensaio primeiro da chuva posterior, ruídos leves e passageiros acompanham o passar o das horas.
Hoje pela manhã saí cedo, de certo, porque acordei cedo. 
O frescor matinal foi um convite a qualquer coisa, menos ao que era a pretensão do dia. O vento soprava levemente gélido. O silencio da rua era convidativo ao olhar para cima, para baixo, para os lados, para frente, para trás. Sem receios de atropelos.
O farfalhar das folhas, se quer, rompiam com o silencio. Ao contrario, pareciam compô-lo.
Na chegada de retorno a casa, acompanhada pelo ensaio de um chuviscar; o jardim também se apresentou convidativo para ficar. Toda uma realidade que transcende a própria imagem, tornando difícil encontrar palavras a sua tradução das sensações e sentimentos provocados.  
Conduziu-se em tranquilidade ao surgimento de múltiplos sentidos e sensações; os mesmo sem muitos roteiros ou pretensões. 
No mergulho desse universo um alvoroço desponta meio que do nada, direcionando a atenção para sons e cores diversas...
Companhias suaves, os pássaros invadem o silencio em harmonia.
Chegam de lugares quaisquer e pousam. Alçam vôo da mesma maneira, para lugares quaisquer. Aparecem e desaparecem; ora lentos, ora lépidos; ora vêm para perto; ora vão para longe. Parecem não ter pouso, nem repouso... mas seu canto ritmado denuncia que eles os têm.  

Assim aconteceu

o momento me conduziu e me deixei tomar por uma sensação de estar...em mais um dia.