15 de mar. de 2009

CAMINHOS.
(2009).
Caminhos tantos. Ora estreitos. Ora largos. Ora curtos. Ora cumpridos. Bifurcam. Encruzam. Descruzam. Cruzam-se pessoas. Estranhos. Conhecidos. Reconhecidos. À beira observo o movimento dos andares, dos braços balançando ao comprimento dos corpos; olhares localizados num alvo de atenção por motivos quaisquer. As roupas coloridas sem intenção, moldadas ou vestidas apenas. Cumprimentos breves. Prolongados. Trocas de confidencias, ou desabafos. Desvios. Andanças. Pessoas caminhantes. Paradas. A cada passo me misturo no ritmo suado, suave, agitado. Perco e me encontro. Desencontro-me. Caminhos de chegadas. De partidas. Caminhos sem intenção. Caminhos conscientes. Caminhos escolhidos. Escolhida por caminhos. Caminhos deixados para trás, nunca percorridos. Incógnitos. Caminhos imaginados. Misteriosos. Caminhos realizados, sem volta. Caminhos ainda por vir. Apenas caminhos entre tantos.

1 de mar. de 2009

CONFISSÕES.


Hoje é um daqueles dias de reflexão, que amanheço pensando nos acontecimentos dos últimos tempos. Levantei e da janela do meu quarto iniciei uma conversa comigo mesma, olhei o sol nascendo atrás da mata e ouvi os pássaros anunciando o amanhecer e, por breve instante, me perdi nas imagens e palavras de meus pensamentos. Falaram-me as imagens de fatos passados, de sentimentos já sentidos sem sentido, de emoções que ainda emocionam. Disseram-me que fiz o que, no momento, me era possível, que seria entendido como correto. Lembraram-me, porém, que não se acerta sempre e em tudo, mesmo que isso seja o esperado por outros. Respondi compreender isso, mas sinto tristeza e temo perder quando não atendo ao esperado. Às vezes me atropelo e atropelo a outros buscando atender não sei bem o que. Quando penso em corrigir meus erros tenho medo de estar errando mais ainda. E nessa conversa comigo mesma percebi que meus medos, meus questionamentos, minhas angústias são armadilhas que nublam minha percepção das atitudes do mundo à minha volta. Meus anseios, minhas expectativas, minha necessidade de um mundo melhor, com mais respeito, compaixão, harmonia, serenidade e amor é tão intensa que quis impô-la às pessoas que estão a minha volta. Doeu, mas percebi e assumi a atitude de enxergar quem são as pessoas, o mundo que me rodeia. Conhecê-los, de fato. Lembrei-me da importância de me entregar a diálogos reais, a sentimentos reais, a emoções reais. E isso significa viver a dor doída, a angústia, a mágoa, os sentimentos desagradáveis; assumir as ofensas, as lágrimas provocadas, as decepções e frustrações; admitir as derrotas, os fracassos. Porque a realidade não se faz apenas e somente de momentos bons; porque não aprendo apenas com as vitórias e conquistas; porque não sou perfeita e correta em tempo integral. Porque quero e preciso viver num tempo real, com pessoas reais. Assim fui compreendendo que cada pessoa tem sua particular maneira de viver, suas expectativas, suas emoções e, principalmente, seu ritmo de ser e desenvolver. Assim senti uma profunda tranqüilidade, não antes experimentada, por entender que todos podem viver e voar sob suas próprias asas, tomar suas próprias decisões e que, juntos, poderíamos entender a liberdade. Parece que durou um breve segundo, então, minha metamorfose mais profunda; mas a transformação, creio, foi eterna até a próxima.