24 de jun. de 2011

ARMÁRIOS DO TEMPO.

Na existência do passar dos tempos sentimentos agigantados findaram. Juras de amor se perderam. Despedidas se fizeram. O tempo de atrás tem historias não esquecidas que se contam na lembrança do que já foi. O armário do tempo tem gavetas inúmeras que guardam memorias merecidas de respeito e ternura. Tem conteúdos armazenados nas prateleiras da vida. Tem um baú de esconderijos que resguarda episódios decorridos. Tem fechaduras de segredos que guardam lembranças originais. Tem poeiras que acobertam um amontoado de coisas que revelam mais do que se mostra ser. O mesmo tempo disfarça os conteúdos. Vasculha. Mistura. Separa. Assombra. Rotula. Agita. Acomoda. Aproxima. Distancia. Restringe. Amplia. Intimida. Preocupa. Ocupa. Interage. Integra. Contrapõe-se. Contradiz-se. Completa-se. Por fim, não responde a lógica alguma. Não abre brechas a explicações. Esses disparates do tempo anulam as resistências internas. Sabotam as defesas. Confrontam nossas certezas com a relatividade de nossa própria existência. Embotam o pensamento enquanto não nos fazermos concordantes de suas condições. A razão responde menos ao que se percebe mais ao que se sente. Passamos, a saber, aquém do que supúnhamos saber. Nosso armário retém histórias que perpetuam um contínuo muito além de nós mesmos. De um tempo que em determinado momento, deixou de nos pertencer.

Nenhum comentário: