24 de jun. de 2011

INVERNO. (2011)

Não se trata só de uma estação que começa. Novas sensações. Novos odores. Novas cores. Outros ritmos. Novos cenários desenham-se no transcorrer dos dias, agora mais curtos. Paladares mais aquecidos. O deleite de uma sopa. De um chá. De um café cheiroso coando devagar sobre o fogão. De uma taça de conhaque brincando entre os dedos. De um gole de cachaça para afoguetar o rosto. Um cobertor para ninar. Uma pantufa para os pés esquentar. Um cachecol para o pescoço aquecer. Um banho com uma enxurrada de água quentinha. “Duchas corona, um banho de alegria num mundo de água quente” (rs. Invernos da infância em frente a TV). Folhas nas calçadas. Vidros umedecidos. Janelas embaçadas. Chuvas gélidas. Ruas vazias aos sopros do vento. A névoa cresce pela madrugada. E permanece acompanhando os primeiros e tímidos raios de sol manhã adentro. O sol chega mais tarde e vai embora mais cedo. A cidade esquenta no movimento vai- e- vem dos transeuntes cotidianos. Um tom acinzentado toma conta das telas urbanas. Um ar solitário encerra as paisagens rurais. Estação que faz surgir maior intimidade de um aconchego. Um sentir mais reservado. Um sentimento romanceado. Talvez brega. Um pouco acanhado. Um tanto privado. Protegido. Que o inverno se deixe começar novamente. E de repente nos envolva no resguardo de temperaturas frias que então nos empurram para achegos aquecidos.

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