10 de dez. de 2012

ENCANTOS DE ARROZAIS











No plantio do arrozal encontro reflexos da vida. A considerar: seu feitio em etapas. Que ao encontro do arado dos terrenos: em cima, embaixo, ao lado, sangra retângulos e quadrados nos descampados. Construção integrada entre corpo do homem e o corpo da natureza! Ora secos, ora molhados. Água. Água em abundância. Inundados por águas tantas misturadas ao suor de dias cultivados. Porções pequenas de um cotidiano rotineiramente produtivo! Um cestim as costas. Um chapéu. Um lenço a proteger a cabeça do sol quente, da chuva fina. Uma calça. Uma outra. Pés de botas ‘sete léguas’ a afundar na terra adentro. A semeadura traça planos, alimenta sonhos. Sustenta vidas.
Da semente pequenina germina um alimento do corpo, do espírito, da natureza. Arroz da várzea...da montanha...do planalto. Habitados por espécimes pequeninas. E frequentado por diversas que se fazem gansos, patos, galinhas, pintos, pássaros. Homens, mulheres, crianças, velhos. As plantas emergem superfície acima e crescem a procura da luz. Para criar ao tempo de colheita um tapete naturalmente fresco. Embeleza ao olhar os campos tomados de tonalidades diversas de verdes. No arrozal o vento sopra leve, sopra forte, sopra frio, sopra quente. Sopra! Presença certa em festas e rituais significando bem-aventura, abastança à vida. Colheita com mãos, colheita com máquinas. Do processo da terra para o processo do homem: secagem, limpeza, separação de grãos, embalagem, transporte de viagens, prateleiras, sacolas, panela, tempero, cozimento. Mesa posta, prato posto. Arroz no prato. Arroz na boca. Arroz de combinações tantas: Arroz com feijão. Arroz com lentilha. Arroz com ovos. Arroz com linguiça. Arroz com batata frita. Arroz com molho. Arroz com ervilha. Arroz carreteiro. Simplesmente arroz. Combinação inúmeras de gostos requintados a caipiras. Pra todo gosto. Pra todo tipo. Pra todo povo.

*Para uma amiga que se encantou com o poético dos arrozais brasileiramente catarinenses.

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