15 de out. de 2010

MEUS DIAS.
(2010).

Meus dias acontecem pelas segundas, terças, quartas, quintas, sextas, sábados e domingos de uma semana, de um mês, de um ano. Acontecem quando me deito e permanecem se fazendo enquanto durmo. E num contínuo vão se realizando quando acordo. Às vezes, conduzo meus dias; às vezes meus dias me conduzem. Mas em todos os momentos, meus dias não param de acontecer. Em meus dias nascem sois; nascem luas; brilham estrelas sem fim; passam nuvens. Têm um colorido a mais porque agora é primavera. Têm chuvas noturnas diárias. Pela manhã, um frescor sem igual que gela o rosto num rápido sopro. Ao entardecer uma cor avermelhada do céu acompanha a retirada de mais um de meus dias. No transcorrer dos meus dias ora ajo com candura, ora viro do avesso. Não sou santa. Muito menos quero ser. Posso aperfeiçoar-me. Quem sabe até evoluir. Mas isso apenas ocorre no transcorrer de meus dias. Encontro gentes demais. De menos. Diferentes. Semelhantes. Nos meus dias ocupo espaços vagos; deixo espaços livres. Meus dias acontecem tecidos pelas horas que passam. Alongam-se. Encurtam-se. Fragmentam-se. Integram-se no costurar dos instantes que se sucedem. Ou apenas, decorrem. E assim vou existindo nos meus dias, com os meus dias e, quiçá, para além desses dias.

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